Preço do açaí despenca no Amapá após queda nas exportações para os EUA; litro chega a R$ 8

Saca do fruto que custava R$ 600 agora é vendida por cerca de R$ 200; tarifas americanas forçaram redirecionamento da produção para o mercado interno

MACAPÁ

11/17/20255 min read

O preço do açaí registrou queda significativa no Amapá nos últimos meses. Segundo informações divulgadas pelo g1 Amapá, nas feiras e pontos de venda da capital, o litro do fruto é encontrado atualmente entre R$ 8 e R$ 14 — valores bem abaixo dos registrados em anos anteriores.

A saca do açaí, que em momentos de pico chegou a custar R$ 600, hoje é comercializada por aproximadamente R$ 200, conforme dados reportados pelo g1 Amapá.

Aumento da oferta interna explica redução de preços

A redução expressiva dos valores está diretamente ligada ao aumento da oferta no mercado interno. De acordo com informações do g1 Amapá, parte significativa da produção que seria exportada para os Estados Unidos permaneceu no estado após a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo americano.

Com maior volume de açaí disponível no mercado local, os consumidores amapaenses voltaram a comprar o fruto em quantidades maiores, aproveitando os preços mais acessíveis.

Associação explica dinâmica do mercado

Antônio Alves, representante da Associação dos Batedores de Açaí (Asbap), explicou em entrevista ao g1 Amapá como o redirecionamento da produção impactou o mercado local.

"Os comerciantes enfrentam dificuldades devido aos altos custos da produção. As indústrias direcionaram parte da produção para exportação e, com o tarifaço, acabou tendo mais açaí nas feiras, fazendo com que o preço caísse", declarou Alves.

Segundo a Asbap, conforme reportado pelo g1 Amapá, parte da produção originalmente destinada à exportação ficou no Amapá, o que aumentou consideravelmente a oferta no estado.

Empreendedores celebram movimento nos pontos de venda

João Paulo Moreira, empreendedor do setor, relatou ao g1 Amapá que a mudança nos preços foi sentida imediatamente nos estabelecimentos comerciais.

"Tem muita procura por aqui. As filas são imensas. O preço está bom. Quem comprava um [litro], agora compra dois, três... e assim vai. Todo mundo sai ganhando", comemorou o empresário.

O depoimento evidencia como a queda de preços estimulou o consumo e beneficiou tanto comerciantes quanto consumidores finais.

Suspensão da exportação em julho

Em julho de 2025, segundo informações publicadas pelo g1 Amapá, extrativistas do Amapá suspenderam o envio de 15 toneladas de açaí para os Estados Unidos. A medida foi tomada após a imposição de tarifas pelo governo do presidente Donald Trump, que encareceu significativamente a entrada do produto brasileiro no mercado americano.

Impacto nos contratos internacionais

Com os contratos comerciais prejudicados e as negociações congeladas devido às barreiras tarifárias, parte substancial da produção que seria destinada ao exterior permaneceu no estado, conforme reportado pelo g1 Amapá.

O retorno desse volume expressivo ao mercado interno aumentou consideravelmente a oferta de açaí nas feiras e estabelecimentos especializados (batedeiras) do Amapá.

Abastecimento local reforçado

Segundo a Associação dos Batedores de Açaí (Asbap), conforme informações divulgadas pelo g1 Amapá, a suspensão das remessas internacionais reforçou o abastecimento local justamente num momento de alta demanda sazonal, o que contribuiu para manter o açaí mais acessível financeiramente para o consumidor amapaense.

Contexto das tarifas americanas

As tarifas que provocaram esse redirecionamento da produção fazem parte de um pacote mais amplo de medidas protecionistas implementadas pelo governo americano sob a administração de Donald Trump.

As taxas de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo o açaí, tornaram o fruto menos competitivo no mercado americano, onde vinha ganhando popularidade crescente como superalimento nos últimos anos.

Redução parcial das tarifas em outubro

Na sexta-feira (14 de outubro), segundo informações reportadas pelo g1 Amapá, os Estados Unidos reduziram as tarifas de importação sobre aproximadamente 200 produtos alimentícios, incluindo café, carne bovina, açaí e manga.

Nova taxa para produtos brasileiros

Para o Brasil especificamente, as taxas caíram de 50% para 40%, representando uma redução de 10 pontos percentuais.

Dúvidas iniciais dos exportadores

Num primeiro momento, conforme noticiado pelo g1 Amapá, exportadores brasileiros tiveram dúvidas sobre o real alcance e significado da redução anunciada pelo governo americano.

Esclarecimento do Ministério da Agricultura

Posteriormente, o Ministério da Agricultura brasileiro emitiu nota esclarecendo que a medida abrange apenas as chamadas "taxas de reciprocidade", impostas a diversos países pelo presidente Donald Trump em abril de 2025.

No caso específico do Brasil, essas taxas de reciprocidade eram de 10%, segundo informações do ministério divulgadas pelo g1 Amapá.

Perspectivas para o mercado de açaí

Com a redução parcial das tarifas de 50% para 40%, ainda não está claro se haverá retomada significativa das exportações de açaí do Amapá para os Estados Unidos.

Competitividade ainda comprometida

Mesmo com a redução de 10 pontos percentuais, a taxa de 40% ainda representa uma barreira comercial substancial que pode continuar inviabilizando economicamente muitas operações de exportação.

Benefício temporário para consumidores locais

Enquanto as exportações permanecem reduzidas ou suspensas, os consumidores amapaenses continuam beneficiados pela maior oferta e pelos preços mais acessíveis do fruto.

Desafios para produtores e exportadores

Por outro lado, produtores e empresas exportadoras enfrentam o desafio de escoar a produção exclusivamente no mercado interno, que tem capacidade de absorção limitada e não oferece os mesmos preços do mercado internacional.

Importância econômica do açaí para o Amapá

O açaí representa uma das principais atividades econômicas do estado do Amapá, gerando renda para milhares de famílias envolvidas na cadeia produtiva, desde a coleta nas áreas de várzea até a comercialização final.

Cadeia produtiva abrangente

A cadeia do açaí envolve:

  • Extrativistas que fazem a coleta dos frutos

  • Transportadores fluviais

  • Batedeiras e processadores

  • Comerciantes de feiras e mercados

  • Empresas exportadoras

  • Indústrias de processamento

Mercado internacional em crescimento

Nos últimos anos, antes das tarifas, o açaí brasileiro vinha conquistando espaço crescente no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos, onde é valorizado por suas propriedades nutricionais e antioxidantes.

Impacto social da redução de preços

A queda no preço do açaí tem impacto social positivo imediato para a população local, uma vez que o fruto faz parte da dieta básica dos amapaenses e é consumido diariamente por grande parte das famílias.

Com o litro a R$ 8, o açaí volta a ser acessível para famílias de menor renda, democratizando o acesso a um alimento nutritivo e culturalmente importante para a região.

Monitoramento do mercado

A Associação dos Batedores de Açaí (Asbap) continua monitorando o mercado e as mudanças nas políticas comerciais internacionais que possam afetar o setor.

Exportadores e produtores aguardam novos desenvolvimentos nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos que possam viabilizar a retomada das exportações em condições economicamente sustentáveis.

Fontes: g1 Amapá, Associação dos Batedores de Açaí (Asbap), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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